Que sô que nem cobra criada
Cheinha de artimanhas
Mas tem também minhas manhas
Inda hoje me conservo
Fito de longe, observo
Por mo de ver quem me agrede
Com cuidado me aproximo
Inté finjo que me animo
Que é pra vê se o cabra sede.
Mas como de ferro num sô
E o meu sangue é uma quentura
Só vai sobrar para o dotô
A porta duma sepultura
Antes de me cunhecê
Sô sincero a lhe dizê
Tenha cuidado olhe bem
É mió ser meu amigo
Do que ser meu inimigo
Eu num perdou ninguém!